quinta-feira, 17 de novembro de 2011

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Palestra do Prof. Dr. Boia Efraime Junior, da Universidade Pedagógica de Moçambique

Nesta sexta-feira, dia 11 de novembro de 2011, realizou-se a palestra do Prof. Dr. Boia Efraime Junior, da Universidade Pedagógica de Moçambique (AMOSAPU - Associação Moçambicana de Saúde Pública). Esta palestra foi proferida dentro de uma reunião do Laboratório de Humanidades, no Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde – CeHFi, e promovida pelo GEHOS, o Grupo de Estudos em História Oral em Saúde, ambos da UNIFESP.

O tema foi “Narrativas Terapêuticas: Histórias e Traumas”, sobre o poder terapêutico das narrativas na cura psicológica de ex-crianças soldados de Moçambique. O tema se mostrou instigante e muito relacionado à questões brasileiras.

Estavam presentes também a Profª Drª Ana Lúcia Lana Nemi, do curso de história da UNIFESP, como mediadora, e o Prof. Dr. José Carlos Sebe Bom Meihy, do NEHO-USP, que comentou e também trouxe suas experiências.

Vejam as fotos:

Prof. Dr. Boia Efraime Junior, Profª Drª Ana Lúcia Lana Nemi e Prof. Dr. José Carlos Sebe Bom Meihy
Prof. Dr. Boia Efraime Junior, Profª Drª Ana Lúcia Lana Nemi e Prof. Dr. José Carlos Sebe Bom Meihy

“Narrativas Terapêuticas: Histórias e Traumas”, Prof. Dr. Boia Efraime Junior
Narrativas Terapêuticas: Histórias e Traumas”, Prof. Dr. Boia Efraime Junior

Prof. Dr. Boia Efraime Junior, da Universidade Pedagógica de Moçambique (AMOSAPU - Associação Moçambicana de Saúde Pública)
Prof. Dr. Boia Efraime Junior, da Universidade Pedagógica de Moçambique

Obrigado pela presença dos participantes!
Equipe do LabHum

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

LabHum em Zaragoza - Setembro de 2011

No último dia 02/09 estivemos, Prof. Rafel e eu (Dante), na Universidad de Zaragoza, Espanha, onde participamos do VI Curso de Vereno "Metodologia de La Enseñanza y la Invetigación en Bioética". Fomos responsáveis pelo "taller" "Un Laboratorio de Humanidades como estrategia docente". Não apenas falamos do LabHum, explicando sua história e funcionamento, como também mostramos como se faz.

Os participantes (professores de bioética e humanidades médicas de diversas faculdades de medicina de toda Espanha) haviam lido "Frankenstein" de Mary Shelley. Depois de ouvir as histórias de leitura, pudemos estruturar um itinerário de discussão, apontando as questões essenciais que haviam emergido, mostrando assim a força e as possibilidades da metodologia do LabHum. A receptividade foi enorme, assim como o envolvimento e a participação. Ao final fomos aplaudidos e aclamados (Bravo!) como numa autêntica tourada, hehehe...

O LabHum conquistou a Espanha. Y vamos adelante!

Eis algumas fotos do acontecimento:






quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Nova sala para encontros do LabHum

A partir de 19/08 todos os encontros do LabHum (terça e sexta) serão no Museu Histórico da EPM/UNIFESP:

Prédio Leitão da Cunha - rua Botucatu, 720 - 1º andar (entrada pelo 740)
Sala do Museu Histórico

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Laboratório de Humanidades 2011

Ciclo 2011 - 2º semestre

Convite: Laboratório de Humanidades 2011

Ciclo de Encontros e Discussões sobre Humanização em Saúde

Disciplina Eletiva para os Programas de Pós Graduação da UNIFESP (Campus São Paulo)

Período: Segundo semestre de 2011
Professor Responsável: Dante Marcello Claramonte Gallian
Professor Convidado: Rafael Ruiz (Campus Guarulhos)
Promoção: Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde (CeHFi)
Dia da Semana: Terça ou Sexta-Feira (a partir de 09 e 12 de agosto de 2011)
Horário:
- das 10 às 11h30 (terças-feiras);
- das 12 às 13h30 (sextas-feiras)

Carga Horária Didática: 28
Carga Horária Atividades: 32
Créditos: 5
Vagas: 20 (10 em cada turma)
Local: CeHFi – Rua Botucatu 720, Edif. Museu Histórico 1º andar, Anf. José Carlos Prates.

Inscrições: Secretaria do CeHFi. Botucatu 720. Fone: 5576-4258 (falar com Mercedes) mon.cehfi@epm.br Maiores informações:http://www.unifesp.br/centros/cehfi/labhum.htm

Ementa e Objetivo Geral:
A partir da leitura e discussão de obras clássicas da literatura, o Laboratório de Humanidades visa promover uma abertura para a dimensão humanística do conhecimento, entendendo as humanidades e, em especial a literatura, como meio de humanização no âmbito da pesquisa e da prática profissional em saúde.

Objetivos Específicos:
- Fomentar e promover o hábito da leitura dos clássicos da literatura universal;
- Oferecer um espaço de compartilhamento de impressões e idéias suscitadas pela leitura dos clássicos;
- Levantar questões essenciais referentes ao processo de humanização individual e coletiva;
- Confrontar leituras e discussões com a prática cotidiana, profissional e de pesquisa;
- Gerar um espaço de socialização e humanização a partir da troca de idéias e concepções;
- Fornecer um amplo repertório humanístico para o pesquisador pós-graduando na área da saúde.

Metodologia:
Leitura de obras pré-determinadas da Literatura Universal e encontros semanais para discussão sobre as mesmas, na seguinte dinâmica:
- Encontro inicial: histórias de leitura
- Encontros de aprofundamento: levantamento e discussão de impressões, questões e idéias;
- Encontro de sistematização e conclusão
O Ciclo de Encontros do LabHum são semestrais. Um mês antes do encontro do Ciclo um livro é escolhido e proposto. Ao iniciar o Ciclo os participantes já deverão ter feito a leitura. Cada livro gera de 4 a 5 encontros de discussão. No penúltimo encontro já se anuncia o próximo livro a ser lido e discutido. Em geral são lidos de 2 a 3 livros por ciclo.

Programação:
Neste ano, devido à procura cada vez mais intensa, o LabHum contará com duas turmas: uma às terças-feiras, das 10 às 11h30 e outra às sextas-feiras, das 12 às 13h30. O aluno deverá optar por um destes dois horários e deverá permanecer nele até o final do ciclo.
Neste ciclo o primeiro encontro ocorrerá dia 09 de agosto (turma de terça) e 12 de agosto (turma de sexta).

A primeira obra a ser discutida será de HUXLEY, Aldous: Admirável Mundo Novo. Ed. Globo (ou qualquer outra edição).

Na sequência será lida e discutida a obra de KAZANTZAKIS, Nikos: Zorba o Grego. Há uma nova edição em português: Kazantzákis, Nikos. Vida e Proezas de Aléxis Zorbás. 3ª Edição. Trad. Marisa Ribeiro Donatiello e Silia Ricardino. São Paulo: Editora Grua, 2011.

Avaliação:
Ao aluno de pós-graduação será exigido um relatório escrito sobre o impacto da experiência do LabHum e comentários a respeito dos livros lidos.

Bibliografia Complementar:
DELUMEAU, Jean. A Civilização do Renascimento. Lisboa, Estampa, 1984, Vol. II.
GARIN, Eugenio. Idade Média e Renascimento. Lisboa, Editorial Estampa, 1989.
LOPEZ QUINTÁS, A., "El análises literario y su papel formativo" in Convenit International N. 1, 2000, disponível em http://www.hottopos.com/convenit/lq1.htm
MARAÑÓN, Gregorio, La Edad Crítica, Madrid, 1925.
---------------------------, Vocación y Ética. Madrid, 1946.
ORTEGA Y GASSET, José, A Desumanização da Arte, São Paulo, Cortez, 5a edição, 2005.
---------------------------------- A Missão da Universidade. Rio de Janeiro, Eduerj, 1999.
PEIPER, Josef, A Abertura para o Todo: a Chance da Universidade.Ensaio. São Paulo, Apel, 1989.
RIBEIRO, Renato Janine. Humanidades; um novo curso na USP. São Paulo, Edusp, 2001.
RUIZ RETEGUI, Antonio, Pulchrum. Reflexiones sobre la Belleza desde la Antropologia cristiana. 2ª ed., Madrid, Rialp, 1999.
TEIXEIRA COELHO. “A Cultura como Experiência”, in RIBEIRO, Renato Janine (org.) Humanidades; um novo curso na USP. São Paulo, Edusp, 2001.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Reflexão sobre o LabHum

por Nathalia Oliveira Bortolatto
Trabalho de conclusão de disciplina


Foram muitas coisas que aconteceram nesse curto tempo em que estou no Laboratório. Ao iniciar minha participação, o primeiro desafio foi vencer minha lógica, que declarou impossível que uma obra repleta de sangue, em forma de poesia, complicada e escrita há muito tempo poderia me ajudar a ser uma profissional mais humana.

Eu estava certa, os ciclos de discussão que se seguiram não me tornaram mais humana, e sim mais heroína. Humana eu já era, que enxergava obstáculos ao invés de desafios, dotada de impaciência que me impedia de aproveitar o caminho almejando apenas destino final e finalmente, medrosa, sem permitir a mim mesma a entrega e o desapego necessários, apesar de antagônicos, a qualquer compromisso.

Subestimei Homero, ignorei Penélope, ri da fraqueza de Ulisses e dei muita importância aos pretendentes. Agora, entendo o heroísmo do autor e de suas personagens principais e admiro suas ações, por mais abomináveis que parecessem. Interpretar e sentir o que estava escrito, só me foi possível com o grupo que estava lá, com as idéias mais diferentes e ricas, que tornaram passagens simples em terdes inteiras de conflito interno.

Conflitos chegam ao fim e foi na paz que a desconfiança, devagar, atribulou novamente o que tinha como verdade. Homero havia me treinado, mas agora a guerra era mais obscura e traiçoeira, já que o retrato de Dorian poderia ser eu mesma.

O Retrato de Dorian Gray deixa claro que o perigo está em achar que se está confortável e a salvo, pois quando estamos assim, facilmente aceitamos quaisquer sugestões, retornamos ao início – estáticos – mesmo após a transformação que Homero nos proporciona. Vi-me novamente cega em minhas próprias obsessões egoístas, questionando sobre o certo, o perfeito e o temível belo.

Sendo assim, LabHum contribuiu para o surgimento de mais uma profissional (super)humana. O ideal não é inerte, nem são meus pacientes. Vendo dessa forma, minha relação com eles também não é rígida, assim como uma paisagem se modifica com o ponto de vista, eu não sou uma profissional, e sim uma pessoa que teve em um curto espaço de tempo suas capacidades de crítica, observação e adaptação realçadas, possuindo agora mais ferramentas para lidar com desafios.

Agir ou esperar em seu devido tempo, o equilíbrio entre a suavidade e a firmeza, adaptar-se e a prontidão de desfazer-se para se reconstruir a todo tempo e a resiliência são aspectos marcados em mim e que tem impacto ao meu redor seja em minha carreira, como em meus planos futuros.

terça-feira, 26 de abril de 2011

A experiência de leitura no LabHum

Por Sandra Cavasini
Trabalho de conclusão de disciplina

Durante o segundo semestre de 2010, pude conhecer o grupo que compõe o Laboratório de Humanidades da UNIFESP.

Eu sou psicóloga, lotada no Departamento de Psiquiatria – no serviço de Atenção Psico-social do Hospital São Paulo. Portanto minha atuação profissional se dá em grande parte com pacientes, familiares e equipes de saúde, Residentes médicos e na Residência Multiprofissional, onde estou como preceptora na área de psicologia. Além do que, também tenho como função ministrar aulas na disciplina de Psicologia Médica do curso de Medicina.

Participar do Laboratório de Humanidades (LABHUM) neste último semestre, me propiciou refletir muitas questões pessoais ligadas à minha prática profissional na área da saúde, as quais vou tentar relatar nesse texto.

Conforme descrito no próprio site do laboratório, a partir da leitura e discussão de obras clássicas da literatura, o Laboratório de Humanidades visa promover uma abertura para a dimensão humanística do conhecimento, entendendo as humanidades e, em especial a literatura, como meio de humanização no âmbito da pesquisa e da prática profissional em saúde.

Assim, no LABHUM, parte-se da experiência afetiva com a obra e com o grupo para podermos resgatar elementos que possam nos levar a uma reflexão de questões ligadas ás humanidades. As reflexões sobre o campo da humanização em saúde a partir de incursões literárias auxiliam no aprofundamento dessa problemática.

Durante o segundo semestre de 2010, fizemos a leitura e discussão de duas obras clássicas: A Odisséia de Homero e O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. E é a partir dessas duas obras que vou discorrer algumas inquietações .

O tema humanização em saúde tem sido apresentado de forma bastante intensa entre profissionais de saúde, pesquisadores, Instituições públicas e privadas, órgãos governamentais, como proposta política e de novos saberes e fazeres.

Tais discussões perpassam o cotidiano das pessoas, introduzindo-se modelos de atendimento humanizado, que interferem na construção de novas idéias e pensamentos acerca do que é o fazer em saúde.

A humanização em saúde vem assumindo um caráter histórico e de mutabilidade, visto que o próprio conceito de humanização vem sendo modificado conforme os avanços científicos e tecnológicos e os novos interesses de mercado.

Na pós modernidade, a construção do conceito de humanização se dá de forma aparentemente ingênua, mas na sua essência não o é. O termo humanização se dissemina hoje na saúde como um bem de consumo. Haja vista, as propagandas de serviços de saúde (Hospitais, planos de saúde) privados ligados à indústria de produção de bens a serem consumidos pela população, que garantem atendimento humanizado ligados á sofisticação tecnológica e ao bom atendimento ao cliente.

Aos que sem condições de adquirirem os onerosos serviços de saúde particulares são disponibilizados os serviços públicos ligados ao Sistema Único de Saúde, e a falsa idéia de que todos poderão ter acesso à serviços humanizados, que vem como decretos e protocolados em manuais a serem implantados em “ rede nacional”.

O mito de Ulisses me leva a compreender algo na sociedade moderna. Porque historicamente os mitos passaram a não mais sustentar as explicações das coisas. O homem eliminou o mito como forma de compreensão do mundo, para explicá-lo apenas pela razão. No entanto a própria razão acabou se transformando em mito.

Parafraseando Heller, o tema da lição está sempre presente nos mitos. Uma vez que a gênese legitima a ordem existente enquanto ordem de existência, o mito nos fala do que devemos fazer e do que devemos evitar, do que devemos temer e do que devemos esperar.

Colocar as questões da humanização num plano eminentemente racional com categorias pré determinadas à serem executadas sem reflexão e fora da ordem dos afetos parece ser um modo de dominação que resulta não apenas na alienação dos homens em suas relações consigo mesmo e com os outros, como também leva a coisificação do espírito.

Especificamente no que se refere às relações que fazemos no campo da saúde poderíamos perguntar: o que está por trás desse conceito de humanização? Quem são os beneficiários desse chamado?Que conhecimento as pessoas (profissionais, usuários) tem acerca do que seja humanização? quais seriam os motivos que conduzem as pessoas a colocarem em prática protocolos de humanização de caráter eminentemente instrumental?Decidir sem conhecimento de causa parece ser um grande risco.

A obra aponta para o herói guerreiro e sua longa viagem para casa e que se transforma em um herói aventureiro belo, forte e com a grande capacidade de lograr para viver. Isso nos remete a Ulisses como o símbolo da superação das adversidades humanas porque enfrenta situações difíceis com coragem e bom senso. O herói que sabe lidar com os afetos – endurece quando precisa e chora quando necessário.

O mito de Ulisses oferece a possibilidade de pensar os desafios da própria razão através da astúcia como forma de sobrevivência e a instrumentalização do humano para alcançar os fins. A astúcia me parece como educação dos sentimentos e domínio das paixões. É saber usar o tempo da oportunidade. É viver de acordo com a natureza é também ter projetos.

Ulisses nos coloca o desafio de pensar a existência do homem moderno sem abrir mão da essência humana assim como alcançar a felicidade sem perder a autonomia. As normas expressas em códigos e protocolos são elementos que vem contribuindo para um tipo de consciência que não possibilita a superação dos elementos que impedem a autonomia e a liberdade do indivíduo.

Os protocolos que descrevem condutas humanizadas parecem ser instrumentos que expressam mais um caráter adaptativo, que servem para prescrever o que o profissional pode ou deve fazer dentro de uma perspectiva de sociedade liberal

Chama-se de humanização as normatizações de convivência, relações, ambientes, procedimentos que deveriam ser processos naturais do cuidado. Por exemplo, chamar o paciente pelo nome, oferecer informações acerca de sua doença, acolher, orientar...

Como bem coloca Prof. Dante, trata-se de um equívoco operacional, de modo que tentamos resolver o problema da desumanização da mesma forma que resolvemos os problemas técnicos. Assim vivemos uma intoxicação protocolar, ao invés de se humanizar as pessoas.

No mito, o canto das sereias, anuncia o advento da cultura que interfere nos processos naturais de vida-morte, saúde –doença. Não estaria o canto das sereias ligado àquilo que é negado ao homem, em função de uma vida racional moderna¿

Também o Retrato de Dorian Gray mostra-nos bem tal experiência. Quantas vezes em nossa prática não percebemos a presença de dominadores, (os Harry’s) nos impondo ideais de perfeição em relação ao cuidado do outro. E em quantos momentos nos sentimos como Dorian, negando a realidade e sendo seduzidos pelas idéias que são colocados como experimentos em nossas vidas. Hoje é o Programa Nacional de Humanização, amanhã outros programas virão para serem executados e experimentados, com a intenção de nos transformarmos em seres mais humanos.

Como almas presas ao quadro, nós profissionais de saúde estamos presos as normas e protocolos.

Parece que o que vem embutido nos protocolos de humanização são idealizações a respeito do que seja o bem cuidar. Ao profissional só resta cumprir o pré determinado, em nome da humanização. Desconsiderando que o bem e o mau, o belo e o feio, já estão presentes no interior de cada um de nós.O que nos falta é refletir sobre esses elementos. Nesse sentido a literatura e a arte podem ser veículos importantes para a tomada de decisões em relação ao cuidado de si e do outro.

A arte, a literatura pode nos possibilita entrar em contato com as questões humanas partindo dessa experiência racional- afetiva na prática.

O desenvolvimento do campo da humanização em saúde a partir de incursões literárias me auxiliam a refletir mais profundamente acerca da problemática que envolve tais questões.

Através da literatura pude mergulhar em minha prática profissional no âmbito hospitalar, como profissional que busca o cuidado do que sofre, o cuidado dos que aprendem a cuidar (alunos e Residentes) . No momento em que estou no papel de educadora, me sinto modificada e também modificando o outro, na medida em que estimulo tais reflexões nos que estão ao meu lado nesse processo dialético de ensino-aprendizagem.

Estar no LABHUM este ano representou um aprimoramento interno, no qual me sinto modificada em minhas ações cotidianas. Por esse motivo gostaria de terminar agradecendo ao Prof. Dante e ao Prof. Rafael pela oportunidade desse encontro e em especial aos colegas do grupo que trazem a cada semana a energia, as inquietações vividas através da experiência da leitura.

Que o Natal de todos nós seja o coroamento de todas essas alegrias e descobertas vividas nesse ano de 2010.

Abraço!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Próxima livro: Alice Através do Espelho

Nossa próxima leitura, como já foi informado na última reunião, será:

Alice Através do Espelho e O Que Ela Encontrou Por Lá, de Lewis Carroll
ou Alice no País do Espelho (em algumas traduções)

Qualquer edição!

Through the Looking-Glass and What Alice Found There (Alice Através do Espelho e O Que Ela Encontrou Por Lá) foi publicado em 1871, e é a continuação do célebre Alice no País das Maravilhas, de 1865. Mais informações: http://pt.wikipedia.org/wiki/Through_the_Looking-Glass

DUAS VIAGENS - por Laise Nucci

Trabalho de conclusão de disciplina

Foram duas viagens impressionantes. A primeira, o regresso, a segunda, uma viagem sem volta. Tanto uma quanto a outra, viagens de transformação.

Ao acompanhar Ulisses em sua Odisséia, a experiência foi justamente poder perceber o quanto a ausência pesa e se faz presente. Ulisses tinha um objetivo, sabia onde queria chegar, tinha foco.

Durante todo tempo em que buscava regressar, encontrava forças para superar os obstáculos justamente na certeza de que tinha quem esperava por ele. Existia o amor que encontrava correspondência na esposa e no filho.

Com Dorian, a história foi bem outra, ele não tinha amor, não tinha vínculo, seu único objetivo era preservar a beleza, a aparência. Não se relacionava, ou melhor, até existia uma relação com Lord Harry, porém era uma relação sem muito propósito, da parte de Dorian. O mais importante era o prazer, viver a vida.

Minha reflexão neste semestre no laboratório de humanidades relaciona-se com o meu trabalho. Há 20 anos ingressei na área de Recursos Humanos e me interessei cada vez mais por desenvolvimento organizacional.

Minha experiência foi construída em hospitais, sendo que estou a 14 anos no Hospital São Paulo. Quando penso nos profissionais da saúde, um fator me traz muita inquietação, a questão do adoecimento de quem deveria produzir saúde.

As taxas de adoecimento dos profissionais é muito alta e duas queixas prevalecem sobre as demais de forma muito significativa, que são: Depressão e doenças osteomusculares.

Tive a oportunidade de ouvir muitos profissionais em diferentes momentos da carreira e muitas coincidências são pontuadas, como por exemplo, a escolha da profissão. Geralmente existe uma espécie de ideal quando mencionam esta escolha, os obstáculos que tiveram que superar e as resistências encontradas.

Mas com o passar do tempo, parece que este momento de escolha vai ficando tão distante que o profissional segue por dois caminhos: ou ele sofre junto com o paciente, provavelmente por se sentir impotente no alívio da dor, ou toma o caminho oposto que é o de enrijecer-se como forma de distanciar-se do sofrimento. No primeiro caso, muitas vezes a conseqüência é a depressão e no segundo, manifestações osteomusculares.

É preciso esclarecer como relaciono esta reflexão sobre o trabalho com Ulisses, Telêmaco, Penélope, Dorian, Harry e Basil: Penso que a vida se completa, ou melhor, se afirma, quando tem objetivos, um porquê, uma razão de ser.

Na Odisséia, o “onde quero chegar” é muito forte. Ulisses queria voltar para casa e isso é muito claro para ele. Supera obstáculos, enfrenta grandes batalhas, perde amigos, chega a perder todos os seus bens materiais. Em alguns momentos seu empenho fica até enfraquecido, porem, mesmo envolvido por prazeres retorna a seu objetivo.

Telêmaco por sua vez, vai construindo o seu objetivo que é encontrar o pai. E Penélope tem como objetivo manter a condição de quem espera e trabalha nisso, manter a situação é tão importante que desfaz à noite o que teceu durante o dia, mas ainda sim o trabalho está presente, mesmo que seja desfazendo-o.

Quando penso em Dorian, não consigo perceber que a sua vida tivesse um significado que não fosse manter a juventude aparente, manter a embalagem, provavelmente porque a falta de conteúdo fosse insustentável.

Dorian e Harry não tinham realizações, nem objetivos que não fosse o puro prazer, não conheciam o amor. Existia entre eles uma relação de interesses. Já Basil, amava Dorian, se não a pessoa em si, uma figura idealizada, mas ele construía, sentia, enfim, tinha algo dentro de si que expressava pela obra.

Foi falado no laboratório sobre a questão de viver um estado de tensão entre o bem e o mal e eu acredito que esta tensão é amenizada quando colocamos mais dois pontos: à frente, o objetivo e atrás a obra realizada. Valorizar cada passo dado em direção ao norte escolhido, sabendo que a tensão entre o bem e o mal sempre vai estar presente.

Ao acompanhar as personagens dos livros trabalhados neste semestre, pude me identificar com cada uma delas e perceber o presente que é a vida. Se em determinados momentos as coisas não acontecem da forma que desejo, em outros fica claro o quanto as escolhas determinam os resultados. A minha relação com as pessoas a minha volta me influencia e é influenciada por mim.

Há mais de dois meses meu filho escolheu sair do Brasil para buscar a realização de um sonho. Minha condição de mãe determina esperar e desejar que ele encontre a satisfação de seus sonhos. Minha responsabilidade enquanto mãe vai até certo ponto, não posso interferir nas escolhas do outro, mesmo que esteja falando do meu filho. Este é um ponto de tensão entre o bem e o mal, desejar que ele seja feliz, acredito que é o certo, desejar que ele esteja perto de mim, entendo que seja errado, minha escolha traz responsabilidade, quando escolho o que acho certo, tenho a responsabilidade, mas não tenho a culpa.

Este foi outro ponto que me fez pensar nas discussões do Laboratório: A Reflexão. Se existe o Bem e o Mal, como decido o que coloco de um lado e do outro? Esta escolha é definitiva? Penso que as respostas são relativas. Pois a transformação e evolução são constantes. Diariamente aprendemos e desaprendemos e é preciso estar atento para o novo e as necessidades de renovação.

No meu percurso profissional, encontro mais satisfação quando estou ministrando treinamentos e já faço isso há alguns anos, inclusive com boa avaliação por parte dos treinandos. Quando acontece uma boa avaliação, vem junto um fator crítico que é a acomodação. A vivência no laboratório de humanidades me provoca o desconforto, pois me sinto provocada a repensar minha forma de me expressar. Acredito que seja objetiva demais em minhas colocações e muitas vezes essas colocações não se sustentam. Esta percepção me provoca a repensar minha forma de expressão que pode, num momento ser adequada, mas que precisa estar “viva” e renovar-se.

Este momento de reflexão é baseado em fatos ocorridos, mas que me faz projetar posturas futuras, se assim for, a reflexão é posterior e anterior simultaneamente. Como no caso do chocolate: reflito num comportamento passado – comi o chocolate – mas ao mesmo tempo planejo limitar a repetição deste comportamento.

Tenho certa insegurança em me posicionar durante as discussões, mas sou insistente. Fiquei muito satisfeita quando meu pequeno texto foi para o Blog. Foi este incentivo que me fez decidir escrever agora – apesar de não ter idéia se o que apresento está dentro do esperado.

Estou no Laboratório há 3 semestres, agradeço muito a oportunidade de fazer parte de algo tão transformador, mas que respeita o tempo de cada um.

Muito Obrigada!

Laise Nucci

laiserh@yahoo.com.br

terça-feira, 29 de março de 2011

Experiência no laboratório de humanidades

Por Maria Lúcia Ribeiro Marcondes
2º Semestre de 2010

Esse foi meu primeiro semestre no grupo de humanidades. A proposta de discutir aspectos humanos , principalmente associados a sentimentos e emoções parecia interessante, mas de longe eu não entendia muito bem como isso seria possível apenas lendo obras literárias e deixando de lado todas as teorias que conhecemos, principalmente as psicológicas que estão dentro da minha área de atuação profissional.
A proposta de trabalhar a partir daquilo que surge nas discussões, parecia tarefa difícil, pois o único material a priori é a própria obra a ser lida. Durante as discussões, observei os sentimentos despertados em mim, no grupo e aqueles demonstrados pelos personagens do livro.
Para minha surpresa os sentimentos foram dos mais variados e com possibilidades de observações infindáveis. Começamos com a leitura da “Odisséia de Homero”, livro que a princípio achei muito difícil. Quanto ao conteúdo, gerou em mim um pouco de “ansiedade”, pois a viagem de Ulisses nunca terminava, ele não chegava logo e achei uma história agressiva, com muitas perdas.
No decorrer das discussões percebi quantas coisas deixava de observar na leitura, ficando apenas na minha percepção pessoal, às vezes do meu sentimento no momento (perdia uma irmã após período longo de internação e o que aconteceu com ela foi algo agressivo).
É sempre muito interessante perceber que uma mesma história pode ter diferentes leituras e a maneira de percebê-la pode sim associar-se ao momento que vivemos.
Como psicóloga sei que não faltam teorias que expliquem esse fenômeno, mas o interessante é perceber isso numa situação prática, aparentemente simples e sem precisar recorrer a nenhuma teoria.
Com isso, o laboratório de humanidades faz jus ao próprio nome: “’é humano”. Quando recorremos apenas às teorias para explicar um fenômeno humano, na realidade podemos torná-lo “desumano”, afastar-se dele, dando lugar a possíveis generalizações e não observar o óbvio.
É interessante , pois apesar de leituras tão diferentes a respeito de uma mesma obra, há uma sintonia entre os participantes do grupo “como se falassem a mesma linguagem”. E essa linguagem é a proposta do grupo, é falar do humano, presente na obra e que muitas vezes são questões que dizem respeito à realidade atual. É importante ressaltar também os dois professores do grupo, que em alguns momentos tão divergentes de opiniões , mas que ao mesmo tempo os coloca em sintonia, complementando-se.
Várias questões humanas foram discutidas na Odisséia, eis aqui algumas delas: a persistência do Ulisses em buscar seu objetivo e não desistir; a viagem como metáfora do amor e sofrimento; qual o verdadeiro amor de Ulisses (mulher, Ítala ou o passado?); maior virtude da história é a hospitalidade; qual o verdadeiro herói: Ulisses que tenta vencer os desafios e voltar para casa ou Penélope que resiste aos pretendentes; aprender a esperar é difícil e que este esperar é ativo e não passivo; Ulisses recusa a imortalidade para não perder a identidade humana; a coragem de viver as coisas no momento que elas aparecem; a necessidade que todos temos de construir um herói, de ter alguém que nunca desiste e que enfrenta todas as dificuldades, tem esperança, não possui medo e no final atinge seu objetivo; aprender a ficar no desconhecido.
Após discussão e fechamento da leitura da Odisséia de Homero, iniciou-se a leitura do “Retrato de Dorian Gray”. A minha impressão inicial desse livro foi muito boa, prendeu a atenção, os personagens possuem personalidades bem definidas e foi muito interessante do começo ao fim.
Inicialmente, me chamou a atenção à maneira como o autor descreve os personagens, principalmente o Dorian Gray, que inicialmente é uma figura idealizada e que vai se desconstruindo no decorrer da estória. O autor nos convence tanto quando idealiza o personagem, quanto o destrói mostrando todas as suas características negativas (o belo e o mau).
Infelizmente durante as discussões de leitura, necessitei faltar alguns encontros, desta vez também vivenciei outra perda (do meu pai). Envolvi-me um pouco menos com a discussão desse livro, mas algumas questões relativas à percepção do grupo também foram interessantes.
Algumas idéias discutidas: o quanto a história é atual e diz respeito a nossa realidade; nossas identificações e conseqüentes incômodos por nos perceber nos personagens; o perfeito é sempre instantâneo e gostaríamos que fosse eterno; céu e inferno dentro de cada um de nós, a sedução do mau; não se comprometer e culpar o mundo; ganhar tudo sem perder nada.
Nesse semestre tive experiências muito boas como à participação no grupo de humanidades e outras horríveis, como a perda de duas pessoas muito próximas. Tratar de questões humanas neste momento da minha vida foi muito importante, ajuda não só na leitura dos livros, como também para ampliar a maneira de enxergar a vida e o mundo, e é muito bom saber que isso ainda é possível dentro de uma universidade. Para mim, particularmente, surgiu num momento muito importante e difícil da minha vida, pois não há questão tão humana quanto lidar com sentimentos de perda de pessoas que você criou vínculos afetivos desde o momento em que nasceu.

Enfim, segue um poema que para mim expressa muito bem o grupo do laboratório de humanidades:
Onde você vê um obstáculo, alguém vê o término da viagem e o outro vê uma chance de crescer;
Onde você vê um motivo para se irritar, alguém vê a tragédia total e o outro vê a prova para sua paciência;
Onde você vê a morte, alguém vê o fim e o outro vê o começo de uma nova etapa;
Onde você vê a fortuna, alguém vê a riqueza material e o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total;
Onde você vê a teimosia, alguém vê a ignorância e o outro compreende as limitações do companheiro, percebendo que cada qual caminha no seu próprio passo;
E que é inútil querer apressar o passo do outro, a não ser que ele deseje isso;
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar;
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura.
(Fernando Pessoa)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Exposição de desenhos do LabHum/UFRPE

O LabHum/UFRPE convida à todos para visitarem a primeira exposição de desenhos no Flickr. São 10 imagens associadas com pequenos trechos de grandes nomes da literatura.

A exposição pode ser vista nesse endereço:


Enviado por Maina de Souza Almeida, monitora do LabHum/UFRPE